Parte 8 - Reencontro com Deus

Resumo das postagens anteriores:
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando. - Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema. - Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia mesmo sem conseguir diagnosticar o meu problema e eu resolvi procurar uma segunda opinião, conhecendo, então, a médica-anjo. - Parte 6
A médica-anjo me pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal. - Parte 7
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Eu estava indo para a minha segunda consulta com a mastologista pra levar mais um exame inconclusivo. Entrei no ônibus, mas ele ia demorar a sair do terminal. Estava tocando na rádio o programa do padre Marcelo Rossi. Tocava uma música muito bonita. Eu já tinha escutado outras vezes, mas nunca tinha prestado atenção na letra. Dizia: “escuta o meu clamor, mais que o ar que eu respiro, preciso de Ti”. Algumas vezes eu já tinha pensando em Deus, e que se eu fosse uma pessoa de fé, Deus resolveria o meu problema. Mas, como eu poderia pedir isso a Deus? Eu não merecia nem me dirigir a Ele. Eu tinha me afastado Dele. E só me aproximava pra pedir, nunca para agradecer, nunca para louvar, só para pedir. Eu sempre quero que Deus faça tudo por mim, mas o que eu faço por Deus? Eu não tinha coragem de pedir nada.

Então nesse dia eu senti que deveria ligar a radio do meu celular pra escutar melhor. O padre Marcelo Rossi estava falando sobre uma novena e depois disso uma mulher ligou pra dar um testemunho. Ela estava com um problema respiratório que não a deixava dormir. Foi ao médico e os exames dela estavam todos normais. Pensei: “Exames normais? Os meus também!”. A partir daí comecei a sentir que Deus estava falando comigo. A mulher contava que no dia seguinte ela leu o livro “ágape” do padre Marcelo Rossi, se emocionou, chorou muito e disse que sua fé havia se renovado, e que renovar a fé mudou a vida dela e por causa disso o problema respiratório sumiu. Em seguida, o padre leu o testemunho de outra mulher. Essa dizia que teve um problema na mama. Aí eu tive certeza que Deus estava falando comigo, mas em seguida eu tive dúvidas. Ela disse que o livro fez com que ela se reaproximasse de Deus e isso a ajudou a se livrar do medo que sentia da punção que ela tinha que fazer num nódulo na mama. Então, tudo deu certo. E ela estava muito feliz pelo medo ter dado lugar à fé. Nesse momento eu já tinha chegado ao consultório da minha mastologista. Em seguida, a outra carta era de uma mulher cujo problema era um nódulo, mas não era na mama. Então, a médica me chamou para a consulta e não pude ouvir todo o testemunho. Mas, fiquei pensando: todos os testemunhos foram sobre doenças curadas ou melhoradas por causa da fé. Acho que o meu problema também é assim. Só Deus pode curar. Vários exames e todos normais. Quase pude ouvir Deus me dizendo "Peça com fé e eu te ajudarei". Nesse momento eu acreditei que Deus poderia fazer um milagre na minha vida, me curar. Não sei explicar bem o que mudou, mas passei a sentir Deus bem perto de mim, minha fé se renovou, eu rezava com muita fé, cantava com muita fé e participava da missa com muita fé, como há muito eu não tinha fé. Voltei a ir para as missas e procurei grupos para trabalhar na igreja. Baixei músicas gospel da internet e comprei o tal livro “ágape”. Amei o livro. Chorei a cada capítulo, mas eram lágrimas de agradecimento porque eu não merecia, tinha abandonado Deus e mesmo assim Ele tinha vindo renovar a minha fé, me mostrar que eu podia contar com Ele. Deus sabia que eu estava precisando Dele, eu estava afastada de Deus, mas ele nunca tinha se afastado de mim. As missas passaram a ter outro sentido. De repente eu sentia Deus em tudo na minha vida, sentia que eu não estava sozinha nessa luta pela minha saúde. Já era dia 16 de dezembro e esse foi o meu presente de natal, o melhor da minha vida.
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Próxima Postagem: Parte 9

Parte 7 - A Médica-Anjo

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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando. - Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema. - Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia mesmo sem conseguir diagnosticar o meu problema e eu resolvi procurar uma segunda opinião, conhecendo, então, a médica-anjo. - Parte 6
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Já era novembro, cinco meses depois do início do sangramento. Eu fui para a minha primeira consulta com a doutora-anjo. Ao contrário dos supostos melhores médicos, não tinha quase ninguém no consultório esperando que ela atendesse. Entrei no consultório e falei que a minha amiga tinha falado sobre o meu caso com ela, o caso do sangramento na mama. Logo no início da conversa gostei da médica. Levei os exames anteriores, expliquei o que o meu médico queria fazer, ela me examinou, fez muitas perguntas, se mostrou interessada no meu caso, interessada em resolver e não em se livrar de mim para mandar entrar o próximo paciente. Ela disse que não concordava com o que o médico queria fazer, disse que queria que eu fizesse a ultrassonografia com uma médica especialista em mama que ela conhecia, outro anjo, o anjo dos diagnósticos. A médica questionou eu ter ido sozinha para a consulta, disse que poderia ter levado alguém, mas eu não queria preocupar minha mãe antes de saber se o que eu tinha era só uma bobagem.

O único inconveniente de fazer outra ultrassonografia é que eu teria que pagar por isso, pois essa médica não atendia pelo meu plano, logo não poderia me prescrever os exames na guia do meu plano de saúde. Mas, eu sabia como era difícil conseguir uma boa médica, então eu não iria desperdiçar essa médica por causa de dinheiro, já que eu tinha esse dinheiro.

Fiz o exame com a doutora que a minha mastologista me indicou. Inclusive minha mastologista já tinha falado pra essa médica sobre o meu caso e já tinha dito o que estava procurando e suas impressões sobre o meu caso. Porém, a doutora que fez a ultrassonografia não achou nada de estranho no local. Nada que pudesse justificar o sangramento. Ela indicou que eu fizesse uma ductografia, mas não sabia se ainda se fazia, pois o exame era antigo. Marquei a volta para minha mastologista e neste dia aconteceu a coisa mais incrível de toda a história desse meu problema.
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Próxima Postagem: Parte 8

Parte 6 - Caminhando para a cirurgia

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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando. - Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema. - Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
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Voltei com os resultados dos exames para o 5º médico. Ele disse que era estranho mesmo o meu caso. Examinou novamente a minha mama e me disse que teria que fazer uma cirurgia para retirar um pedaço da região endurecida da minha mama e outro pedaço perto do mamilo. E talvez ele precisasse retirar os ductos mamários. Eu ficaria então com duas cicatrizes, uma perto da axila (onde era a região endurecida) e outra ao redor do mamilo, e esta última mal daria pra ver. O médico me prescreveu exames pré-operatórios e eu fui embora.

Novamente fiquei muito triste com a possibilidade de não amamentar e também por causa das cicatrizes, mas eu tinha que aceitar. O que eu poderia fazer? Até quando eu esperaria por um resultado que me convencesse? Nesta época as minhas amigas já estavam dizendo que eu não queria aceitar essa cirurgia, porque sempre que o médico falava disso eu passava a não gostar do médico. O que elas não entendiam é que eu não aceitava fazer uma cirurgia de uma coisa que eu nem sabia o que era, pois os exames não mostram nada de errado.
Uma das minhas amigas da igreja é enfermeira do Hospital do Câncer e do IMIP. Pedi para essa amiga me indicar um bom mastologista de um dos dois hospitais. Na verdade fazia bastante tempo que eu tinha pedido isso para ela, mas como as coisas só acontecem no momento certo, depois que eu fiz os exames pré-operatórios, ela me indicou uma médica mastologista do Hospital do Câncer. Essa amiga conversou com a médica sobre o meu caso, contou sobre o sangramento e a médica disse que já tinha visto vários casos parecidos e mandou que eu fosse ao consultório dela.
Infelizmente essa médica não aceitava o meu plano de saúde (era mesmo uma porcaria esse plano), mas decidi pagar a consulta em dinheiro mesmo. Era caro, mas essa era a primeira médica que dizia já ter visto casos parecidos com o meu. Eu precisava da opinião dela. Essa era a 7ª médica, mas era um anjo entrando na minha vida!
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Próxima Postagem: Parte 7

Parte 5 - O Plano de Saúde


Resumo das postagens anteriores:

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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando. - Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema. - Parte 4
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OBS: Nesse post tem conta como o plano de saúde atrapalha a vida do paciente com burocracia e mostra o resultado do meu exame (no final).

Fui autorizar a minha citologia. Peguei a senha, esperei mais de meia hora e ouvi da atendente que esse exame não poderia ser autorizado na hora, e que ela teria que fazer um protocolo. Perguntei como funcionava. Ela me respondeu que me daria um papel e em três dias úteis o meu exame seria liberado. Ela também me pediu para ligar antes e procurar saber se o exame já estava liberado. Três dias úteis depois eu liguei, mas ninguém atendia ou estava ocupado. No dia seguinte também tentei algumas vezes e mais uma vez ninguém atendia ou estava ocupado. No outro dia, resolvi ir até lá para saber. Novamente peguei a senha, esperei quase uma hora, e a atendente me disse que ainda não estava pronto. Fiquei furiosa:

- O quê?
- Me disseram que seriam três dias úteis. Já faz cinco dias úteis e ainda não está pronto?
- É que às vezes demora mesmo.
- E eu vou ter q ficar vindo aqui e besta quantas vezes até conseguir?
- Tem o número para a senhora ligar.
- Mas esse número ninguém atende. Eu passo o dia todo ligando e ninguém atende.
- Anote os outros números.
Anotei os números e os nomes das pessoas com quem eu deveria falar e então passei a ligar todo dia o dia todo. Eu colocava o fone do meu celular, acionava a função “rediscar” e deixava lá rediscando o dia todo. Só parava na hora do almoço. Até que um dia eu resolvi tentar até na hora do almoço. Foi assim que eu consegui falar com a tal fulana. Ela nem sabia desse meu “protocolo”. Depois de achar, ela me explicou como funcionava (pra isso ela serviu). Ela me disse que o plano não cobria a clínica onde eu deveria fazer esse exame, então, o plano pagaria o exame para mim e depois eu iria até a clínica para fazer o exame. Ela me disse que depois de amanhã eu poderia ir até a clínica para fazer o exame.
Desconfiada, antes de ir fazer o exame, liguei para a clínica para saber se o plano de saúde já tinha pagado. A secretária da clínica disse que não. Então eu liguei furiosa para a mulher do plano de saúde, mas era difícil conseguir que alguém atendesse ao telefone. Tornei a ligar insistentemente, principalmente na hora do almoço. Alguns dias depois consegui falar com a tal fulana. Ela disse “Não pagaram ainda? Não acredito”. Falsa. Ele nem se preocupou em checar. E se eu não tivesse ligado antes? Teria ido e não conseguiria fazer o exame. Já que ela foi falsa comigo, resolvi jogar sujo com ela também e menti:

- Pois é Fulana, ainda não pagaram.
- Eu vou ver aqui o que aconteceu, mas hoje ainda eu ligo pra você.
- Ta certo, mas olha, por favor tenta agilizar isso. O meu caso é grave, eu estou com câncer e está saindo sangue pelo meu mamilo. Preciso muito resolver isso rápido.
- Não se preocupe. Hoje mesmo eu ligo pra você.

É claro que eu sabia que ela não ia ligar coisa nenhuma. E eu também não achava que o meu problema fosse câncer, porque câncer é facilmente detectado e eu já tinha feito duas ultrassonografias que não detectaram nenhuma anormalidade. Eu tinha certeza de que isso que eu tinha não era câncer nem sangue preso, eu achava mais provável que fosse mesmo um papiloma.

Como eu já tinha previsto, a Fulana do plano de saúde não ligou e no dia seguinte eu voltei a ligar insistentemente. Alguns dias depois eu consegui falar com ela. Ela me disse já tinha mandado pagar o exame, mas quando estava em contato com a clínica ela descobriu que o médico que faz o exame era credenciado ao plano. Então ela mudou de tática, e ao invés de pagar o meu exame, ela ia tentar dar um jeito de fazer esse exame pelo plano mesmo. Assim, eu tinha que esperar ela resolver essa burocracia nova. É claro que ela disse que me ligaria ainda nesse dia. E é claro que ela não ligou. Porém, incrivelmente ela me ligou no dia seguinte dizendo que tinha conseguido resolver tudo e que eu já poderia ir para a clínica para fazer o exame. Ela me disse que mandaria a autorização do meu exame para a clínica, via fax, e caso eu tivesse algum problema eu poderia falar com Cicrana na clínica.

Fui fazer o exame no mesmo dia. Chegando lá, entreguei a guia da solicitação do exame e os meus documentos. Pediram o papel da autorização do exame. Eu disse que a menina do meu plano tinha mandado para a clínica, mas eles disseram que não tinham recebido nada. Fiquei furiosa, mas o anjo que me atendeu deixou que eu fizesse o exame e levasse a autorização depois, quando fosse buscar o exame.


Passei o resto do dia ligando para Fulana com uma vontade de xingar até a décima geração da família dela, mas aprendi que quando a gente quer conseguir uma coisa é melhor fingir que é amigo e fazer drama. Porque se a gente brigar, aí é que a pessoa não faz mesmo o que a gente quer. Como não consegui falar com Fulana por telefone, fui pessoalmente buscar. A atendente foi procurar Fulana, que estava em horário de almoço, mas resolveu meu problema. Certamente Fulana percebeu que eu não a deixaria em paz enquanto ela não resolvesse isso. Por isso ela resolveu.

Lembra que a atendente me disse que eu só precisaria esperar três dias úteis? Na verdade foi um mês e meio de espera. Um total e completo absurdo. Uma instituição que deveria cuidar da minha saúde na verdade estava agravando o meu caso com toda essa demora.

RESULTADO:

Quando fui buscar o resultado da citologia, levei a autorização do exame. Peguei o exame sem mais problemas. O resultado foi inconclusivo e indicou duas possibilidades, uma era o papiloma, que é benigno e outra é o carcinoma, que é maligno, é um câncer. Apesar desse resultado, não me assustei, pois eu tinha certeza de que não era câncer. Esse exame só reforçou minha desconfiança de que eu tinha mesmo um papiloma.
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Próxima Postagem: Parte 6

Parte 4 - Os Outros Médicos

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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando. - Parte 3
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O 3º médico era muito sério e seco. Examinou-me e perguntou por que a minha médica anterior não tinha me passado um exame citológico da secreção. Deve ser porque ela era completamente idiota, burra e adorava cuidar das plásticas que fazia nas pacientes (provavelmente ganhava mais com isso). Mas, infelizmente eu não disse isso ao doutor. O médico me passou esse exame e outra ultrassonografia das mamas. Perguntei se poderia ser um papiloma, como disse o segundo médico. Ele disse que poderia até ser, mas normalmente a cor da secreção era diferente. Ele disse que precisava investigar mais para descobri qual era o meu problema. Agradeci e saí do consultório. Nem fiz os exames, preferi ir para o outro médico e comparar as opiniões.



O 4º médico foi hilário. Era um velhinho. Mostrei a minha ultrassonografia de uns quatro meses atrás, que mostrava resultado inconclusivo, mas, que mostrava um linfonodo. O velhinho então disse. “Vamos retirar o linfonodo para fazer biopsia. Se o sangramento não parar a gente vê o que faz depois”. Bom, se não fosse o estresse de me deslocar em vão para o consultório dele, eu riria desse médico. Ele deve pensar que eu sou uma boneca e pano que ele pode cortar e costurar de volta quantas vezes quiser porque eu não vou me importar.



Vamos ao 5º médico. Ele era até legal. Disse o mesmo que o 3º médico, que precisava investigar melhor para descobrir o que estava causando esse sangramento. Pediu uma ultrassonografia das mamas e uma citologia da secreção que saia pelo mamilo. Decidi fazer e voltar para esse médico. Investigar é melhor que passar remédios ou marcar cirurgias sem nem saber a causa do problema.



Por insistência da minha mãe, marquei consulta para o oncologista do meu tio que tinha leucemia, embora eu soubesse que precisava de um especialista em mamas. Esse foi o 6º médico. Era um velhinho também. Não tenho nada contra os velhinhos, mas médicos velhos não têm mais paciência de explicar as coisas, o que está acontecendo com você e qual o procedimento dele. Ele me examinou (nesta época meus seios já eram praticamente públicos, nem lembro mais quantas pessoas já examinaram e fizeram exames), ficou calado, me prescreveu anti-inflamatórios, e pediu que eu voltasse em um mês. Imagina só se eu ia perder um mês ficando parada. Além do mais detesto médicos que não sabem nem o que eu tenho e mesmo assim passam remédios, como se fosse ótimo pra saúde tomar remédios. Perguntei se ele achava que isso era um papiloma, mas ele disse que não. Disse que papiloma tem uma secreção alaranjada, o que vai contra tudo que eu li na internet. Mesmo assim agradeci e fui embora. Obviamente não tomei remédio nenhum.

Decidi fazer os exames que o 5º médico me pediu. Fiz a ultrassonografia das mamas, mas o resultado novamente foi que minhas mamas estavam normais apesar da médica sentir uma região endurecida próxima à axila. Faltava apenas a citologia da secreção. A partir daí começou minha briga com o plano de saúde.

OBS 1: As imagens são meramente ilustrativas e em nada refletem a realidade dos fatos ;)
OBS 2: Não posso revelar os nomes desses adoráveis médicos no blog, mas se vocês me mandarem um e-mail posso dar umas dicas ;)
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Próxima Postagem: Parte 5

Parte 3 - As Pessoas

Resumo das postagens anteriores:
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento. O sangramento aumentou muito. Surgiu a suspeita de que eu teria um papiloma intraductal. - Parte 2
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Enquanto eu tentava esconder o meu problema, minha mãe contou para todo mundo que ela encontrava. Cada um dizia que conhecia um médico muito bom e me indicava. Eu perguntava o que esse médico tinha feito para elas acharem que são tão bons. Elas respondiam que não tiveram nenhum problema parecido, nem nada grave, mas que o consultório era cheio (como se isso indicasse que o médico é bom), e que os médicos as tratava muito bem, eram atenciosos (atenciosos ou tinham muita paciência para lidar com tanta asneira?). Pelo amor de Deus, eu estou com um problema grave e as pessoas estão brincando comigo? É isso? Indicando médicos que nem sabem se é bom mesmo. Fazendo com que eu perca o meu tempo. Será que elas não sabem que eu trabalho? Será que elas nunca trabalharam pra saber que por mais que um chefe entenda seu problema e permita que você saia todo dia para consultas ou exames, sempre tem alguém que acha que você está saindo do trabalho pra passear? Minha própria mãe fazia isso. Ela dizia:
- Marque uma consulta com a minha médica. Ela é muito boa.
- É? Ela fez o quê?
- Nada. Eu sei que ela é boa.
- Você já soube de algum caso que ela resolveu parecido com o meu?
- Não.
- Você já viu ela cuidar de algum caso grave?
- Não.
- Então como você sabe que a médica é boa?
- Porque eu sei.

Esqueci de dizer que as pessoas às vezes têm um poder de adivinhação incrível na hora de indicar um médico. Elas diziam coisas que podiam ser traduzidas para:

“Eu nunca vi esse médico resolver nenhum caso grave, mas estou sentindo que com você ele vai acertar”
“Esse médico normalmente é péssimo, mas o seu caso eu tenho certeza que ele vai explicar direitinho”
“Uma vez a minha médica me disse que o signo dela é libra o que combina muito com o seu. Por isso eu acho que ela é ótima para o seu caso. Anote o número dela.”
“O meu tio avô (que nem tem seios) teve uma dor de barriga terrível e foi para esse médico. Eu acho que você deveria ir também. Esse médico é ótimo.”

Outra coisa que não ajudava em nada era a vontade das outras pessoas de me ajudar. Por acaso eu pedi? Estava eu muitas vezes curtindo um bom papo ou rindo ou assistindo um filme, ou namorando, simplesmente tentando esquecer esse problema. Mas, as pessoas interrompiam tudo para perguntar “como está a sua mama?” E começavam uma choradeira incrível, transparecendo que estavam com muita pena de mim, que o meu caso é muito grave. Eu me sentia à beira da morte. E o que eu estava mesmo fazendo de divertido antes dessa pessoa me atrapalhar? Nem me lembrava mais, de tão mal que eu ficava. O que as pessoas têm na cabeça, heim? Ao invés de te botarem pra cima, não, claro que não, elas gostam mesmo é de um drama. E se você não gosta? Problema seu, pois elas gostam e não importa se você se machuca com isso.
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Próxima Postagem: Parte 4

Parte 2 - Os Primeiros Médicos

Resumo da postagem anterior:
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente. - Parte 1
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Ao contrário de muitas mulheres que encontram um nódulo, fazem biopsia e descobrem que é câncer, eu passei por muita coisa pra descobrir o diagnóstico de câncer de mama. Foi um caminho de muita angústia, raiva, estresse, esgotamento psicológico e lágrimas.

Voltando ao dia do hospital (postagem anterior), a ginecologista me disse que isso provavelmente era um problema hormonal, que seria mais sério se a secreção fosse branca. Só depois de alguns meses, descobri que esse diagnóstico estava completamente errado e sem sentido. Mesmo assim, o que a médica falou acabou me acalmando. Ela me passou requisições para fazer ultrassonografia das mamas e exame de sangue, mas disse que eu só poderia fazer amanhã de manhã.

No dia seguinte fui ao mesmo hospital em jejum para fazer os exames. A recepcionista disse que com aquelas requisições eu não poderia fazer os exames, que a médica deveria ter me requisitado esses exames na guia do meu plano de saúde. Tive então que passar novamente pelo ginecologista de plantão na emergência para que ele me requisitasse os exames na guia do meu plano de saúde. Isso tudo tive que esperar em jejum. Esperei o atendimento do ginecologista, esperei para fazer os exames de sangue, logo depois, morrendo de fome, comi biscoitos que eu tinha na bolsa, e esperei bastante para fazer a ultrassonografia das mamas. A médica que fez minha ultrassonografia disse que não encontrou nada, mas minhas mamas apesar de sentir uma parte endurecida ao tocar perto da axila. Disse somente que meus ductos mamários estavam dilatados e que tinha encontrado um linfonodo. Ou seja, minha mama estava normal.

Dois dias depois eu tive a consulta com a mastologista. Ela me perguntou se eu tinha sofrido alguma pancada na mama. Respondi que não, mas mesmo assim ela me disse que esse sangramento provavelmente teria sido provocado por uma pancada, que o sangue tinha ficado preso e agora tinha encontrado um caminho para sair da mama. Prescreveu antibióticos, anti-inflamatórios e me pediu que colocasse compressas de água quente. Imaginei que as compressas seriam para drenar o sangue preso para que ele saísse da mama, então perguntei se eu poderia pressionar um pouco para ajudar a drenar. A médica estava fazendo umas anotações e me respondeu “pode”. Fiquei desconfiada se ela estava prestando atenção ao que estava me respondendo então repeti a pergunta, e ela repetiu a resposta. Como uma perfeita idiota, eu fiz isso tudo. Resultado: o sangramento aumentou. Agora saia um sangue muito mais escuro, vermelho, e com muito mais frequência e volume, e agora também dói bastante.

A médica tinha me pedido para voltar em três meses, mas como o caso só piorava, eu resolvi voltar em dois meses. Nesta nova consulta a médica novamente me disse que não passava de um sangue preso. Perguntei como poderia ser isso se minha mama não havia mudado de tamanho, pois se isso tudo fosse mesmo sangue preso, no início minha mama estaria um pouco aumentada com tanto sangue acumulado. Mas ela disse que é assim mesmo. Para não se passar por totalmente negligente, me passou outra ultrassonografia, mas fez questão de frisar que esse sangramento não era nada de grave. Receitou-me mais antibióticos, anti-inflamatórios e me pediu que continuasse com as compressas de água quente. Tive vontade de mandar que ela enfiasse esses medicamentos naquele canto. Mas, mantive a compostura, agradeci e saí.

Decidi então procurar uma segunda opinião. Marquei outro mastologista. E, claro, tive que esperar algumas semanas para essa nova consulta. Felizmente este era um médico experiente, porém, me assustou bastante. Ele me examinou, o sangue saia espontaneamente, era grosso, vermelho, e saia bastante. Voltando à mesa dele, ele me disse:
- Olha Maíra, o que você tem é um papiloma. Como é um papiloma? Deixa eu te explicar.
Ele pegou um papel e continuou:
- É um nódulo que tem dentro do seu ducto mamário, que produz várias secreções e sangue. Qual o procedimento? O procedimento é uma cirurgia para retirar os seus ductos mamários.
Neste momento comecei a me desesperar pensando: “Tirar meus ductos? E como vou amamentar? Meu sonho é ser mãe em todos os sentidos. Como vou realizar esse sonho? Bebezinhos sempre procuram o seio da mãe. Meu bebê vai procurar meus seios para mama e não vai encontrar leite. Eu não vou poder nem alimentar o meu filho...”. E o médico me interrompeu:
-Maíra... Maíra... olhe para o meu papel aqui. O seu mamilo vai ser cortado assim... ao meio, e seus ductos vão ser removidos. A cicatriz não vai dar nem pra ver direito, não se preocupe.

Percebendo meus olhos cheios de lágrimas que eu me esforçava para não rolarem, o médico disse:

- Olha Maíra eu nunca vi um sangramento tão espontâneo na minha vida. Eu nunca vi um caso como o seu. E você pode ver em qualquer livro de medicina, pode perguntar para qualquer médico, mas para sangramento espontâneo em única mama, a indicação é retirar o papiloma e os ductos mamários. Esses papilomas não são visíveis na ultrassonografia mesmo, talvez com uma ressonância você consiga achar algo. O problema é que eu não atendo mais o seu plano de saúde. Eu estou te atendendo porque você já estava marcada, mas tive alguns problemas com esse plano e resolvi cancelar. Então eu posso te indicar outro médico que atenda pelo seu plano ou você pode fazer no IMIP. Eu trabalho lá também. Você está com o livrinho do seu plano de saúde?
Dei o livrinho para ele. Ele olhou e disse que não conhecia nenhum daqueles mastologistas cujo nome estava lá. Como a minha principal preocupação era a amamentação, perguntei:

- Essa cirurgia vai comprometer a minha amamentação?
- Olha, Maíra, não posso te dizer ao certo, mas provavelmente você vai ter problemas para amamentar.

Fiquei ainda mais triste com essa certeza, mas contive o choro. O médico disse que infelizmente não poderia fazer a minha cirurgia e disse que se eu quisesse, ele estaria no IMIP e eu poderia procurá-lo. Agradeci e saí do consultório. Permiti então que as lágrimas caíssem, fui para o banheiro da clinica, e chorei. Chorei desesperadamente. Liguei para o meu namorado, mas eu chorava tanto que não conseguia contar o que tinha acontecido. E ele dizia:
- Amor, o que foi que aconteceu?
- O médico... – E chorava mais.
- Onde você está?
- Na clínica ainda.
- Calma, amor. O que foi que o médico disse?
- Ele disse que... – E chorava mais ainda.
- Calma, amor. Eu te amo. Eu to aqui contigo. Seja o que for eu to aqui pra te ajudar, ta?
- Ta.
- Fica calminha.
- Ta.
- Agora me diz o que foi que o médico disse.
- Ele disse que... que... que eu vou... que ele vai ter que... – eu não conseguia falar isso – tirar os meus ductos mamários... – E chorava desesperadamente de novo. – Como é que eu vou amamentar meus filhos?
- Oh amor, tem o outro.
- Mas sem ductos, o leite não tem por onde sair. E como eu vou parar o leite de uma mama e não parar o da outra?
- Oh amor, a gente dá um jeito nisso. O importante é você ficar boa. Fica tranquila. Eu te amo. To aqui com você pra o que você precisar, ta?

Fui me tranquilizando para sair da clinica e voltar de ônibus. Foram quase duas horas de lá até a minha casa. Uma angustia dentro de mim, uma vontade de chorar, mas não podia chorar ali na frente de todo mundo. Eu só imaginava meu bebê nos mus braços procurando meu peito para mamar e eu não poder dar. Não poder alimentar meu bebê. E chorava muito.

Ao chegar em casa corri para a minha mãe para contar chorando e abraçando ela. Incrivelmente ela não se desesperou. Só escutou e me acalmou, dizendo que a gente ia procurar outro médico.

No dia seguinte tomei uma atitude típica de quem está desesperada. Abri o livro do meu plano de saúde, que por sinal é uma porcaria, e marquei consulta com TODOS os mastologistas que tinham o nome escrito lá.
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Próxima Postagem: Parte 3

Parte 1 - A Descoberta do Problema


Era o dia 20 de junho de 2010. Eu tirei o meu sutiã azul-claro, e percebi uma pequena mancha amarronzada na parte de dentro do sutiã, do lado direito. Lembrei que eu tinha visto no dia anterior também uma mancha mais ou menos no mesmo lugar e do mesmo lado, mas como o sutiã era vermelho, não consegui perceber a cor daquela mancha. No dia anterior eu tinha achado estranho, mas imaginei que eu não tinha percebido que o sutiã estava sujo quando vesti. Mas hoje, ao me lembrar disso, tive certeza de que a mancha tinha saído de mim. Pensei “Parece sangue, mas de onde veio? Será q veio da minha mama?  Ou eu me arranhei ou cortei em algum lugar? Será?”. Comecei a ficar nervosa e, mesmo com medo de machucar, espremi minha mama para ver se sairia alguma secreção. Para meu desespero, a secreção saiu, e tinha a mesma cor da mancha do sutiã. Chamei meu namorado e disse “Minha mama ta sangrando. O que é isso? Só pode ser câncer. Eu vou morrer. Eu só tenho 25 anos. Não quero morrer” Ele me disse pra ficar calma e corremos para a internet pra pesquisar sobre câncer e sobre sangramento na mama.

Estávamos na casa dele, mas como eu não me acalmava, resolvemos ir pra minha casa. Cheguei chorando e contei para a minha mãe que também se desesperou. Minha mãe nunca soube esconder sentimentos, mesmo quando isso me deixava mais nervosa ainda. Já meu pai e meu namorado procuravam me acalmar.

Coincidentemente eu já havia marcado uma consulta com uma mastologista para dali a três dias, pois tinha sentido minhas mamas doloridas perto da axila, o que eu achava ter acontecido por causa de um sutiã bastante apertado que eu tinha. Resolvi então ir ao hospital, de urgência mesmo, para saber se alguém tinha alguma idéia do que seria esse sangramento. Caso ninguém soubesse me explicar o motivo, ao menos eu já faria os exames e os levaria para a mastologista que eu havia marcado. Isso adiantaria a investigação da causa.

No hospital, fui atendida por uma ginecologista, pois não havia mastologistas de plantão. Essa era a primeira dos vários péssimos médicos que passariam pela minha vida na busca pelo diagnóstico deste sangramento.
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