Parte 93 - O Fantasma da Infertilidade

Antes, veja o resumo das postagens anteriores (ou vá direto à postagem no final):
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente: Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento enquanto ele aumentava: Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando: Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema: Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia e eu resolvi procurar uma segunda opinião: Parte 6
A médica-anjo pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal: Parte 7
Aconteceu a coisa mais importante e surpreendente de todo o meu tratamento: Parte 8
A médica-anjo pediu uma ressonância e uma nova citologia e me encaminhou para o 8º médico: Parte 9
Depois de muita luta consegui a autorização para a ressonância: Parte 10
A ressonância só mostrou um a área estranha: Parte 11
A médica-anjo indicou que eu fizesse uma cirurgia com o médico grosso: Parte 12
Deus fez mais um milagre e minha médica indicou que eu fizesse uma Core Biopsy: Parte 13
O médico grosso se negou a prescrever a Core Biopsy: Parte 14
Resolvi pagar pela Core Biopsy: Parte 15
Fiz a Core Biopsy: Parte 16
Descobri que tinha câncer e fiquei desesperada: Parte 17
Confirmei com a médica que eu tinha mesmo câncer e continuei desesperada: Parte 18
Encontrei meu namorado, contei aos meus pais e me despedi da vida: Parte 19
Lembrei que Deus tem um propósito para tudo, fui para uma festa e me diverti: Parte 20
Superando a notícia: Parte 21
Minha cirurgia será radical: Parte 22
Desabafei a dor em lágrimas: Parte 23
Desabafei com amigas e voltei ao trabalho para esquecer: Parte 24
Fui me preparando para a cirurgia, pesquisando sobre reconstruções e me acalmando ao ver plásticas perfeitas: Parte 25
No dia anterior a cirurgia fiz dois exames: uma linfocintilografia e um agulhamento: Parte 26
Finalmente me internei e passei a noite muito nervosa: Parte 27
Levaram-me para a cirurgia: Parte 28
Fiquei um tempo esperando no corredor do bloco cirúrgico: Parte 29
Entrei na sala de cirurgia e apaguei com a anestesia: Parte 30
Na volta da anestesia senti frio e era difícil me manter acordada: Parte 31
Falava dormindo e continuava sem conseguir ficar acordada: Parte 32
Recebi visitas da minha médica, meu pai, meu namorado e algumas amigas: Parte 33
Estava cada vez mais agitada e querendo me levantar. Lutei para fazer xixi e evitar a sonda: Parte 34
Tomei uma sopa com cuidado para não ficar enjoada, levantei e finalmente fiz xixi: Parte 35
Tomei o restante da sopa e estava me sentindo muito bem: Parte 36
Cuidei bastante do dreno e tentei movimentar o braço: Parte 37
Não tive coragem de ver a troca de curativos: Parte 38
Preocupei-me com o dreno, recebi visitas e fiquei sabendo das histórias de quando eu estava anestesiada: Parte 39
Por causa da minha idade, eu fui o caso mais comentado do hospital: Parte 40
Passei o dia ansiosa pela alta: Parte 41
Recebi alta, tive consultas semanais com a mastologista, iniciei a fisioterapia e fiz exames para levar ao oncologista: Parte 42
Soube que tenho a chance de não poder mais engravidar depois da quimioterapia: Parte 43
Tive que decidir entre congelar óvulos e piorar do câncer ou não congelar e talvez não poder engravidar: Parte 44
Meu namorado não se abalou com a possibilidade de infertilidade: Parte 45
Questionei Deus e marquei uma consulta com um especialista em fertilidade: Parte 46
O especialista em reprodução humana me aconselhou e não congelar óvulos: Parte 47
Tive a última consulta com minha médica-anjo, que me indicou uma especialista em fertilidade: Parte 48
O especialista me aconselhou a não congelar óvulos. Pesquisei muitos dados sobre fertilização: Parte 49
A nova especialista em fertilidade preferia ganhar dinheiro fácil do que cuidar da minha saúde: Parte 50
Decidi não congelar óvulos: Parte 51
Comprei uma prótese mamária e um sutiã especial: Parte 52
A fisioterapia me ajudava com o braço e com a aceitação do problema: Parte 53
Antes da quimio tirei minhas dúvidas com o médico: Parte 54
O oncologista me explicou todos os detalhes e as enfermeiras era muito gentis: Parte 55
Tomei a quimioterapia e só senti dor de cabeça: Parte 56
Algumas horas depois da quimio fiquei enjoada e vomitei: Parte 57
3 dias de reações da quimio: enjoo, febril, sono, dor de cabeça, indisposição, ... : Parte 58
Senti muita dor no estômago por dias seguidos: Parte 59
Curei minha dor no estômago, lidei com outros problemas e arrisquei passear: Parte 60
Fiquei careca: Parte 61
A segunda sessão de quimio foi igual a primeira. Por isso, eu chorei: Parte 62
Curei minha dor no estômago e fui à psicóloga: Parte 63
Consultei a nutricionista e fiz a terceira quimio: Parte 64
Na quarta sessão de quimio meu médico já era como um amigo: Parte 65
Tive que ir me inernar: Parte 66
Fiquei muito irritada porque as coisas pioraram: Parte 67
Foi difícil encontrar um hospital que aceitasse me receber. Ao menos o meu oncologista-anjo estava me assistindo muito bem: Parte 68
Fiquei internada na UTI: Parte 69
Depois de muito estresse, saí da UTI e fui para o quarto: Parte 70
Com muita dificuldade consegui receber alta: Parte 71
Após receber alta continuei angustiada e me sentindo feia: Parte 72
Passei a chorar por estresse, por estar cansada de ser doente: Parte 73 
Pude dar testemunho do amor de Deus por nós: Parte 74
Passei o final de semana em um evento, fiquei gripada e a quimio foi adiada: Parte 75
Tive que fazer um escândalo para o plano de saúde liberar minha medicação: Parte 76
Tive que insistir para tomar minha medicação. Além de todas as reações, perdi parte do paladar e fiquei com muita fraqueza nas pernas: Parte 77
De tanto faltar a fisioterapia, fiquei com problemas no braço. Também descobri a Menopausa: Parte 78
Meu oncologista confirmou minha menopausa. E convivi com a ansiedade pelo fim do tratamento: Parte 79
As reações pioraram na 6ª seção de quimio e passei a precisar de ajuda para tudo: Parte 80
Quase me internei novamente por causa de outra febre: Parte 81
Soube que precisaria fazer radioterapia. Dias depois acordei livre de boa parte das reações da quimio: Parte 82
Escrevi uma carta de agradecimento a alguns dos amigos que me ajudaram durante o tratamento: Parte 83
Continuação da carta de agradecimento: Parte 84
Comemorei várias vezes o fim da quimio: Parte 85
Aprendi várias lições durante a quimioterapia: Parte 86
Tive o natal e o ano novo com mais significado da minha vida: Parte 87
Comemorei meu aniversário, fiz as marcações da radioterapia e conheci meus primeiros cachorrinhos: Parte 88
Descobri que ter um cachorro é uma ótima terapia: Parte 89
Recebi alta da radioterapia: Parte 90
Tive que aprender a viver com a menopausa: Parte 91
Fiquei muito estressada ao voltar a trabalhar. Pouco depois, larguei a peruca: Parte 92
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O médico tinha me dito que eu voltaria a menstruar entre 8 meses a 2 anos após a quimioterapia. Antes dos 8 meses eu estava tranquila, mas a partir daí, cada mês eu ficava mais ansiosa. Algumas vezes chorava pensando no caso de não poder mais engravidar, mas como eu sabia que não podia pensar negativo, procurava outra coisa pra fazer, como escrever no blog, por exemplo. Outras vezes eu me arrependia de não ter congelado óvulos. Eu fiquei sabendo de alguns casos em que as pessoas arriscaram a sua saúde para não arriscar a possibilidade de ser mãe, e isso me dava muita vontade de voltar àquele dia em que eu disse “não vou congelar” e ao invés disso, dizer “sim, eu vou congelar”. Eu tinha achado que 6 a 8% de acréscimo na probabilidade de poder ser mãe não valeria o risco para a minha saúde. Nove meses depois de terminar a quimioterapia, com toda minha ansiedade, tudo o que eu queria era saber que tenho uma chance a mais, por menor que fosse.

Se eu tivesse como saber definitivamente se poderei ou não engravidar, eu teria como canalizar meu pensamento. Mesmo que a resposta fosse não, eu poderia começar a canalizar pensamentos para a possibilidade de adotar um bebê. Ao invés disso, me esforço para manter meu pensamento positivo, visualizando que um dia eu estarei grávida. Apesar disso, sempre há uma parte da minha mente que me diz “você deveria ter congelado. Se as chances de sucesso congelando os óvulos não são grandes, você deveria ter tomado a iniciativa de sugerir ao seu namorado que congelassem embriões, já que a chance de sucesso é maior.”

"Mesmo quando o sol quente do desespero arde sobre minha cabeça, há sempre um poço de água viva onde a minha vida pode ser recomeçada", Padre Fábio de Melo.


Esse período esperando a menstruação voltar é muito difícil, por dois motivos: 1) Isso é muito importante para qualquer mulher; 2) A menopausa é como uma TPM constante que me deixa muito mais emotiva e estressada. Por saber disso é que eu procuro me concentrar em duas outras coisas: 1) Me acalmar; 2) Pensar positivo. E essas coisas ajudam muito.



O pior mesmo foi quando fiz meu exame de sangue para checar minhas taxas hormonais, pois no resultado do exame havia além do valor da minha taxa, havia uma tabela para saber em qual fase eu estava. Para a minha decepção, meus três hormônios estavam na categoria de "pós-menopausa". Isso foi extremamente decepcionante.
Todos os dias eu prestava atenção nas minhas ondas de calor, muitas vezes achando que estavam ficando mais leves ou mais espaçadas, o que me deixava feliz, pois se a menopausa está acabando, então eu estaria ficando fértil de novo e poderia ter filhos. Alguns dias depois as ondas de calor voltavam a aumentar, então eu percebia que a temperatura do ambiente influenciava muito, ou seja, nos dias mais frios eu achava que as ondas de calor estavam ficando fracas, e nos dias quentes eu percebia que estavam fortes como sempre. Isso cansava meu otimismo e me entristecia.

O benefício da dúvida me acalmava em alguns momentos, pois eu não sabia ao certo se estava saindo ou não da menopausa, mas a certeza que o exame trazia de que eu estava sim, com toda certeza, na menopausa, era cruel. Lembro bem do quanto fiquei triste. Mesmo assim minha vontade era de examinar minhas taxas hormonais todos os meses para saber o quanto antes se as notícias se tornassem boas.

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