Parte 23 - Digerindo e Chorando

Resumo das postagens anteriores:
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente: Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento enquanto ele aumentava: Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando: Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema: Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia e eu resolvi procurar uma segunda opinião: Parte 6
A médica-anjo pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal: Parte 7
Aconteceu a coisa mais importante e surpreendente de todo o meu tratamento: Parte 8
A médica-anjo pediu uma ressonância e uma nova citologia e me encaminhou para o 8º médico: Parte 9
Depois de muita luta consegui a autorização para a ressonância: Parte 10
A ressonância só mostrou um a área estranha: Parte 11
A médica-anjo indicou que eu fizesse uma cirurgia com o médico grosso: Parte 12
Deus fez mais um milagre e minha médica indicou que eu fizesse uma Core Biopsy: Parte 13
O médico grosso se negou a prescrever a Core Biopsy: Parte 14
Resolvi pagar pela Core Biopsy: Parte 15
Fiz a Core Biopsy: Parte 16
Descobri que tinha câncer e fiquei desesperada: Parte 17
Confirmei com a médica que eu tinha mesmo câncer e continuei desesperada: Parte 18
Encontrei meu namorado, contei aos meus pais e me despedi da vida: Parte 19
Lembrei que Deus tem um propósito para tudo, fui para uma festa e me diverti: Parte 20
Superando a notícia: Parte 21
Minha cirurgia será radical: Parte 22
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Saí do consultório muito abalada e com muito choro preso dentro de mim, por isso não consegui dizer nada para meu namorado. Eu não conseguia dizer nenhuma palavra. Meu namorado até me perguntava o que tinha acontecido, mas eu olhava para ele, com os olhos cheios de lágrimas e não conseguia falar sem chorar. Então eu preferia me calar. Mesmo assim ele entendia que algo estava doendo muito, então apenas segurava a minha mão e enxugava as lágrimas que teimavam em cair. Certo momento minha mãe disse “faz mal não, minha filha. Pior seria se fosse uma mão ou um pé". E por mais absurdo que parecesse ela ter dito isso, eu me acalmava pensando que várias pessoas sofrem muito mais do que eu. Quando estávamos abrindo o portão da minha casa eu já não aguentava mais prender o choro, então soltei. E foram várias lágrimas. Ao chegar no quarto finalmente pude soltar os soluços e gemidos de dor. Foi o choro mais angustiante da minha vida. Meu choro comoveu eu a minha mãe, que começou a chorar também. E até meu namorado, que sempre me passa muita força, não aguentou e eu vi seus olhos cheios de lágrimas. Eu tinha vontade não só de chorar, mas também de gritar. Era muita dor ter que tirar a minha mama tão jovem. Sem sequer ter amamentado. Além do mais eu acho meus seios lindos. É a parte que eu mais gosto do meu corpo. E agora seria a parte da qual eu mais me envergonharia.
 Chorei tanto quanto tive vontade. Até que parece que a tristeza saiu toda em forma de lágrimas e eu fui parando. Meu namorado aproveitava a oportunidade para fazer piadas e brincadeiras tentando me animar. E chegou uma hora que ele conseguiu me animar e me tirar da cama. Era certo que eu precisaria de ajuda psicológica. É muita sorte minha ter uma médica tão boa. Nesta consulta de hoje ela já havia levado para mim um cartão com o telefone de uma psicóloga especialista em câncer de mama, com a qual já havia falado sobre o meu caso, e disse que essa psicóloga não aceita o meu plano de saúde (pra variar), mas que eu conversasse com ela para saber por quanto ela poderia fazer a consulta para mim. Inclusive minha médica-anjo me disse que essa psicóloga cuida da filha dela, que está muito arredia, e me falou o valor da consulta. E também já sabia quem seria o oncologista que faria minha radioterapia e já tinha se certificado de que ele aceita o meu plano de saúde. Ou seja, todo o papel que eu deveria fazer sozinha, que seria procurar uma psicóloga e saber se aceita o meu plano, a minha médica já tinha feito. E o mesmo fez com o oncologista. Como se não bastasse o encaminhamento, ela conversava com os médicos sobre mim, ajudando na minha recuperação. É por essas e outras que eu chamo essa mastologista de médica-anjo. Ela é um anjo que Deus mandou para cuidar de mim. Saber que eu tinha alguém cuidando de verdade de mim era o que me confortava no meio dessa tristeza toda.
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